sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Será que agora teremos o "buracoduto"?

Congresso cobra explicações sobre plano de emergência para estradas
Rosa Costa, Eugênia Lopes - O Estado de São Paulo

A operação tapa-buracos, com a qual o governo federal pretende recuperar nos próximos seis meses cerca de 26 mil quilômetros de rodovias em péssimo estado, pode representar, segundo vários congressistas, uma oportunidade para desvio de recursos públicos. De olho nesse risco, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) pretende convocar para depor o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e diretores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT) em duas comissões - a de Assuntos Econômicos (CAE) e a de Serviços de Infra-Estrutura.
"Essa coisa de empreiteiras serem contratadas sem licitação parece uma tentativa de substituir o valerioduto pelo buracoduto", afirmou Tuma, que se diz disposto a investigar todos os aspectos da operação. Ele disse ter ficado "intrigado"pela declaração do ministro Alfredo Nascimento de ser de apenas um ano a durabilidade do material para tapar buracos. "Ficou claro que é um projeto eleitoreiro", alegou.
O presidente da CPI dos Correios e líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), também criticou a operação tapa-buraco, que tem início na segunda-feira e vai durar 90 dias. "Ficamos novamente no remendo e não resolvemos os principal. Medidas emergenciais não resolvem o problema", afirmou o líder petista, que integra a Comissão de Infra-Estrutura.
Defendendo uma reforma mais duradoura, Delcídio observou que os contratos das parcerias público-privadas (PPPs) estão atrasados e o governo também não está utilizando a Lei de Concessões.
EMPREITEIRAS
O senador Tuma também destacou que, entre outras coisas, é preciso saber os critérios para seleção das empreiteiras escolhidas para a tarefa e quais as razões da iniciativa tida como paliativa pelo próprio ministro. Vice-presidente da CAE, Tuma vai ainda propor a criação de uma subcomissão para acompanhar as obras e requisitar uma fiscalização permanente do Tribunal de Contas da União.
O pefelista disse não ser esta a primeira vez que os buracos de estradas encobririam algo mais a ser apurado. Quando presidiu a CPI do Roubo de Cargas, ele disse ter ficado surpreendido pela revelação de motoristas de que os buracos eram abertos propositalmente pelas quadrilhas para dificultar o trânsito dos caminhões e facilitar o seqüestro da carga. "Portanto, acredito que é nosso dever examinar todas as suspeitas."
Charge: Nani - Jornal do Brasil (RJ)

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