quinta-feira, 8 de junho de 2006

Artigo



DESRESPEITO AOS CIDADÃOS HONESTOS
Geraldo Almendra


“Ao usurpar o Poder do Estado, para a prática sistemática de crimes, a classe política ROMPEU AS INSTITUIÇÕES desqualificando-se para tratar da Coisa Pública”. (UND)

Como crítico da prostituição da política, apresento meu veemente protesto contra a colocação do Presidente do Senado, conforme divulgado na mídia. Este Sr. declarou que a sociedade não pode se insurgir contra os parlamentares, com a seguinte absurda hipótese, diante da esbórnia da política que tomou conta do país:

"O Congresso é um retrato da sociedade, você tem pessoas boas e ruins. As pessoas que generalizam precisam lembrar que a casa as representa".

Comentários como esses comprovam, de maneira rigorosa, o que a grande maioria dos parlamentares pensam dos seus eleitores, isto é, que somos uma cambada de palhaços e imbecis.

Devo dizer ao Presidente do Senado que a sua declaração, mesmo partindo-se do pressuposto da falta de venalidade no seu contexto, é uma grave ofensa para todos nós, pela afirmação de que dezenas de meliantes denunciados por corrupção nos representam, pois estamos sendo nivelados por baixo com a pior escória da política que nosso país já teve oportunidade de conviver.

Será que o Sr. já esqueceu que assistimos as CPIs e a dança da pizza comemorando a salvaguarda de corruptos confessos, entre tantos outros fatos de uma prostituição de valores que desqualifica o Congresso como legítimo representante dos eleitores, que pagam para o Estado uma verdadeira fortuna per-capita-parlamentar para sustentar a estrutura que suporta cada um de vocês, fora seus altíssimos salários e suas mordomias?

Será que o Sr. já esqueceu que existe uma organização criminosa formada por alguns dos melhores aliados e amigos do presidente da República – seu protegido – e que foi denunciada pelo Ministério Público, e ainda continua livre, e sem perspectiva de punição, agora sendo declarados como vítimas ”torturadas pelos seus inquisidores” durante as sessões das instâncias investigativas do próprio Congresso?

Particularmente afirmo-lhe que nem eu, nem minha esposa e nem meus filhos somos ladrões ou corruptos, e não pagamos impostos para sermos ofendidos pelo Sr. Vivemos com dificuldade sem subterfúgios meliantes para colocar a mão em “recursos não contabilizados”, nem “carregar dólares em cuecas”, porque acreditamos ainda no valor da dignidade, da honestidade, da moral e da ética como um padrão cristão para uma vida exemplar, o que nos impede de participar, também, de encontros privados com garotas de programa para distribuir malas de dinheiro roubado do povo durante orgias sexuais, nem comer em restaurantes pedindo notas superfaturadas dizendo que quem paga a conta é o contribuinte otário, etc, etc...

Na verdade, o Sr. precisa entender que, rigorosamente, a realidade que estamos vivendo é contrária da qual o Sr. está falando. Diante da absurda impunidade de dezenas de parlamentares denunciados por corrupção, entre outros crimes, especialmente aqueles que pertencem à base de apoio político do desgoverno petista, do qual o Sr. faz parte, uma grande parcela da sociedade já está achando que os mais variados desvios de conduta passíveis de punição pelas leis do país, há muito, compensam os seus riscos. Milhares de cidadãos já aceitaram o jogo da degradação de valores morais e éticos daqueles que elegemos para nos representar, como símbolos válidos de comportamento político e social, conforme a redundante promiscuidade legal das relações públicas-privadas protegidas pelo corporativismo dos poderes da República, e que não saem mais das manchetes dos jornais, e que quase sempre acabam em um banquete de pizza fétida, com danças desavergonhadas ao vivo para humilhar o povo que votou naqueles que os estão traindo.

“Boa sorte para o Sr. nas eleições de outubro”.

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