sábado, 18 de novembro de 2006

Artigo

A PRUDENTÍSSIMA
Percival Puggina





Não temos tido muita sorte com primeiras-damas. Dª. Rosane Collor lembrava aquelas peças decorativas que a gente muda de lugar uma porção de vezes até perceber que ela não consegue decorar nada e põe no armário da garagem. Itamar nos deixou sem madrinha. Entrou solito e saiu avulso, pois é do tipo que faz as moças perderem tempo; quem arrastou a asa para aquele lado virou titia.



Fernando Henrique e sua patroa deram a impressão inicial de que iriam melhorar bem o escore palaciano. Não chegavam a ser um Casal 20, mas tudo indicava que com um pouco de boa vontade alcançariam uns 15 ou 16. A primeira-dama tinha jeito sério, dedicada atuação social, formação acadêmica e idéias próprias. E foi exatamente aí que começaram os problemas porque, de repente, Dª. Ruth passou a usar essas idéias para fazer frases. Quando a sociedade combatia as drogas ela defendia a legalização da maconha. Quando o Papa estava para chegar ela menosprezava sua influência. Quando lhe perguntavam sobre aborto ela se saía com o mantra de que “a mulher é dona do próprio corpo”, como se o feto fosse um quisto ou uma secreção fisiológica. Ou como se a propriedade de um bem (terra, prédio, empresa) assegurasse ao titular o direito de fazer qualquer coisa com o que lhe pertença. Suas frases de efeito tinham sempre efeito contrário. Era mais ou menos o que fazia a Magda (aquela, do “cala a boca, Magda!”), mas a Magda era engraçada, ao passo que Dª. Ruth acabava parecendo um Serjão de tailleur.



Dona Marisa Letícia é um caso à parte. Não fala, não escreve e não faz coisa alguma, com visível prazer. A vida lhe deu uma bela limonada e ela prefere que seja com água Perrier. Seu marido é um partidão (essa foi bem sacada!) e madame sabe que é assim. Botou uma estrela no jardim, outra no peito e não sai de perto. Aliás, a maior dificuldade de fotógrafos e cinegrafistas é conseguir uma imagem do presidente sem que a patroa apareça junto. É uma mulher que conhece o seu lugar. E o ocupa por inteiro. Os guarda-costas guardam as costas e ela o lado direito. Toma conta do marido, no que está certa, mas privatizou o presidente, o que já uma demasia, até para uma mulher prudente. Tão prudente que, por via das dúvidas, enquanto o marido preside o Brasil, pediu e conseguiu cidadania italiana. Se é que me entendem.

Um comentário:

Anônimo disse...

A "primeira dama" pediu e conseguiu para si e filhotes a cidadania italiana no espantoso prazo de 7 (sete!!!) dias. Os mortais, entre os quais me incluo, para conseguir esse benefício levavam no mínimo dois anos. Depois desse prazo estupendo, agora conseguir cidadania italiana leva no mínimo 4 anos. A propósito, ela tentou estender a cidania para o maridão presidente quando estorou o escândalo do mensalão, para uma rota de fuga do país. A colonia itala-brasileira se insurgiu contra isso, e afirmaram que renunciariam à cidadania italiana se isso ocorresse. O consul foi trocado e não se falou mais nisso.
Abçs.