sábado, 30 de junho de 2007

Artigo

QUAL O PROBLEMA, AFINAL?
Percival Puggina


O menos esclarecido dos empresários sabe que uma boa organização pode proporcionar o surgimento de um bom gerente, mas nenhum gerente pode ser bom numa organização ruim. No entanto, quando chegamos ao âmbito superior e decisivo da política, cremos, com uma fé que se impõe sobre toda experiência histórica, que há nomes que levam à salvação e nomes que levam à perdição. E nos mantemos totalmente desatentos em relação ao fato de que nossas instituições, década após década, nos têm proporcionado, sempre, um pouco mais do mesmo e dos mesmos.

Estuda-se, agora, uma reforma política. Vamos mudar o sistema de governo? Não. Vamos adotar o voto distrital misto? Não. Então deixa tudo como está porque a lista fechada consegue ser pior do que a lista aberta, financiamento público exclusivo para as campanhas é um assalto ao contribuinte e fidelidade partidária equivale a disciplinar o vôo das moscas preservando o monturo em torno do qual elas se agitam. Responda-me, aliás, quem souber: qual a grande safadeza que os maus parlamentares deixarão de praticar se presos pelo umbigo às siglas pelas quais se elegem? O Brasil, meu caro leitor, não encontra soluções pela mais primitiva das razões: desconhece os problemas. Enquanto uns crêem que nossos políticos nascem com um defeito genético, outros estão convencidos de que precisamos adotar o receituário esquerdista. Há mais de meio século estamos capturados por essa desastrosa pauta.

No último final de semana elaborei uma tabela cruzando os indicadores de instituições internacionais que alinham os países por índices de desenvolvimento humano, liberdade econômica, competitividade, PIB per capita e corrupção, verificando quais os sistemas de governo adotados por aqueles que ponteiam esse ranking.

Considerando que o objetivo central de uma sociedade política é o de elevar sua qualidade de vida e o seu desenvolvimento humano, listei, primeiro, os vinte países (dentre os 177 da lista da ONU) com mais alto IDH e, após, situei a posição de cada um quanto aos demais indicadores para ver se havia relação entre o desenvolvimento humano, competitividade, sistemas econômicos e de governo, e moralidade pública. A constatação que fiz se constitui em prova cabal dos dois equívocos essenciais que o Brasil comete contra si mesmo ao desconsiderar a inconveniência de suas instituições, ao favorecer a vida dos demagogos e corruptos, e ao se deixar seduzir por ideologias que ninguém mais leva a sério.

Resumirei aqui o resultado desses cruzamentos, tendo como base os 20 países com maior IDH: 1º) 18 deles estão entre os 30 com maior PIB per capita; 2º) 19 estão entre os 30 com menor índice de corrupção; 3º) 18 estão entre os 30 com maior liberdade econômica; 4º) 19 estão entre os 30 mais competitivos; 5º) 19 dos 20 são parlamentaristas; 6º) todos são democracias que a esquerda denominaria de “burguesas”; 7º) nenhum é socialista.

Tenho certeza, no entanto, que continuaremos convencidos de que Fidel, Chávez, Evo, Lula, Kirchner e outros quetais são os reis da cocada preta, e que nossas referências devem ser buscadas nos fracassados modelos e discursos dos nossos vizinhos latino-americanos cujos padrões ideológicos e institucionais compartilhamos.

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