domingo, 2 de setembro de 2007

Artigo

OS CANSADOS E OS DESCANSADOS
por Marcelo Scotton


Não pude comparecer ao movimento "Cansei" ocorrido aqui em Belo Horizonte, dia 4 de agosto. O problema é todo meu. Mas afinal, o que é o movimento "Cansei"? O movimento é um protesto de alguns grupos, entidades, associações e personalidades estafadas e enojadas com a situação crítica que vivemos neste país nos últimos anos, em todos os segmentos: política, segurança pública, incompetência burocrática, etc. Entre passeatas e manifestações, uma das ações é fazer um minuto de silêncio como forma de mostrar a indignação em respeito ao Brasil.

O movimento surgiu para todos os tipos de inconformados. Daqueles que se cansaram do caos aéreo, da corrupção contínua, do poder paralelo de criminosos, das balas perdidas e também de outras mazelas brasileiras, e que querem fazer algo pelo país.

Como sou um famoso crítico de qualquer coisa, ainda considero este tipo de ação muito pouco frente ao país caótico que temos. Na época das eleições, todos se esquecem de tudo que passou e votam no político com a melhor jogada propagandista ou o que oferta mais sacos de arroz. A feira livre de promessas ao vento sempre fala mais alto do que o passado nebuloso de um candidato.

De qualquer maneira, é mais uma tentativa. Uma tentativa que vai ganhando mais e mais adeptos. Vem ganhando as ruas e de alguma forma, pode até mesmo pressionar por mudanças. Da mesma forma que a necessidade de um mercado consumidor pode modificar os serviços de uma empresa telefônica, as necessidades de uma sociedade podem forçar a mudança de postura de um governo.

É claro existem os "descansados". São geralmente formados por aquela velha tropa de choque governista e também pelos folclóricos capachos ideológicos, que vivem eternamente o sonho de que suas raquíticas convicções políticas possam ser confirmadas. Os "descansados" tentaram até mesmo invalidar o protesto do "Cansei". Atribuíram o movimento à "elite branca", aos "fascistas endinheirados", "golpistas", entre outros epítetos não menos depreciativos. Ou seja: quem não é do time deles, não pode fazer manifestações. É o monopólio do protesto.

E essa gente, obviamente, não se cansou de nada. Estão dispostos, firmes e fortes a aguardar novas tragédias, novos casos de corrupção e o passar da favorável onda econômica mundial. Tudo em nome de suas convicções pessoais e ideológicas. Como respondo isso? Com mais protesto. Vamos fazer um minuto de silêncio para a parvoíce ideológica deles.

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