terça-feira, 30 de setembro de 2008

O samba do crioulo doido, em SC

Uma babel partidária
Moacir Pereira (Diário Catarinense 30/09/2008)

O senador Cristovam Buarque, do PDT, estará, hoje, em Santa Catarina. Participa de ato público no Centro de Florianópolis, pedindo votos para a vereadora Angela Albino, do PC do B, que tem como vice o pedetista Tico Lacerda. Objetivo: ir para o segundo turno e derrotar o prefeito Dário Berger, do PMDB. Horas depois, o ex-ministro brizolista vai a São José. Ali, para apoiar a candidatura de Djalma Berger (PSB), que tem como vice Telmo Vieira, do PDT. Na Capital, quer a derrota do prefeito licenciado, e, atravessando a ponte, batalhará pela vitória do irmão-prefeito.

Este é o mais recente exemplo da falta de um perfil ideológico e identidade partidária nas eleições municipais deste ano em Santa Catarina. De resto, em todo o Brasil, com maior ou menor intensidade. A disputa virou uma grande salada partidária. Os candidatos estão nivelados em tudo. As propostas têm variáveis consideradas superficiais. A sensação que fica, para o eleitor mais esclarecido, é de que um só partido está concorrendo às prefeituras, em diferentes sublegendas.

Um levantamento feito pelo diretório regional do PMDB revela, em detalhes, um fato inédito na eleição de 2008: esta salada ideológica, que muda de região, de município e, muitas vezes, até dentro das cidades, com cruzamentos surpreendentes. O presidente Eduardo Pinho Moreira constata o cenário impreciso e prefere denominá-lo de "salada democrática".

O PMDB disputa sem coligação em 37 municípios. Reedita a tríplice aliança (PMDB - PSDB - DEM) em 43 cidades. Peemedebistas e tucanos estão unidos em 59 municípios. Com os democratas, a aliança abrange 53 municípios.

Mas há, também, coligações situadas mais à esquerda. Em 87 municípios, PMDB e PT são parceiros. E se alguém achar que o PP de Esperidião Amin quer derrotar o PMDB de Luiz Henrique, seu maior adversário, que transfira a contenda para 2010. Na atual campanha, PMDB e PP sobem no mesmo palanque em 46 municípios.

E o Democratas, principal adversário do governo Lula e maior espinha na garganta do PT? Liberais e petistas concorrem juntos em 36 municípios catarinenses.

Os analistas devem ficar atentos, também, ao projeto comum entre PSDB e PP. Leonel Pavan e Esperidião Amin defendem candidatos aliados em 103 prefeituras do Estado.

Aliados tradicionais e vinho da mesma cepa, durante décadas, nas eleições majoritárias em Santa Catarina, PP e DEM (ex-PFL) concorrem com os mesmos candidatos em 95 municípios.

É preciso ficar muito atento ao resultado das eleições deste ano. Elas indicarão quais as lideranças que saem fortalecidas para as majoritárias de 2010 e as que ficam vulneráveis pelos insucessos municipais ou regionais. As atenções se fixam em Joinville (Luiz Henrique da Silveira), Criciúma (Eduardo Moreira), Balneário Camboriú (Leonel Pavan), Lages (Raimundo Colombo) e Florianópolis (Esperidião Amin). Na faixa do PT, os refletores se voltam para Joinville (Carlito Merss), Blumenau (Décio Lima), Chapecó (José Fritsch), Itajaí(Volnei Morastoni) e Florianópolis (a liderança de Ideli Salvatti), E vão sinalizar, sobretudo, como ficará a correlação de forças para o próximo pleito.

O PT, por exemplo, ampliou alianças com o PP de Amin para 85 municípios. Os dois partidos somam forças em importantes cidades do Estado. Mas nada garante que selarão pactos no próximo embate. Afinal, PT e PMDB estão coligados em 87 municípios.

Assim, concluída a apuração, ninguém consegue prever qual vai ser o produto desta babel partidária e ideológica.

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