quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Mais um filho ilustre da terrinha.

Jean Charles inspira filme e peça em Londres
Fernando Duarte
Correspondente

LONDRES. Em meados de janeiro, o ator catarinense Jano Moskorz recebeu de uma agência de talentos um convite que era um misto de oportunidade de ouro com presente de grego: o profissionalismo venceu a consciência e, semana passada, ele passou quatro dias repetindo os últimos passos de Jean Charles de Menezes, como parte de um documentário sobre a morte do eletricista mineiro que a BBC levará ao ar no início de março. Entre as situações filmadas estava a aterradora e até agora muito mal explicada execução do imigrante brasileiro, com sete tiros na cabeça, na estação de metrô de Stockwell.

— Em alguns momentos, deu pânico. Os atores que fizeram o papel dos policiais realmente agiam como se estivessem lidando com um suspeito de terrorismo. E efeitos como o som dos tiros foram realistas ao ponto de me deixar sem escutar direito por mais de 15 minutos — conta o catarinense.

Ator viveu momentos de angústia na filmagem

Embora tenha melhorado o currículo, Moskorz, de 26 anos, não saiu o mesmo das filmagens. Diz ter ficado angustiado em diversos momentos do trabalho e nos últimos dias volta e meia olhou sobre os ombros em suas viagens de metrô. Embora sua parte no documentário seja basicamente a de personagem para uma reconstituição narrada, ele garante só ter aceito o papel depois de saber o tratamento que a BBC daria aos acontecimentos daquele 22 de julho, sobretudo o papel da Scotland Yard no episódio.

— Pelo que vi no roteiro e pelas conversas nas reuniões, será uma senhora alfinetada na polícia. Houve gente da produção indo até Gonzaga para conversar com os pais e o irmão do Jean. Fiquei feliz por fazer parte de um projeto que vai mostrar ainda mais os erros cometidos na morte dele — diz Moskorz, único brasileiro entre os atores envolvidos, incluindo os que interpretaram parentes e amigos do eletricista mineiro.

Jean Charles também estará nos palcos. Semana que vem, uma peça do grupo vanguardista Upstart Theatre abordará os acontecimentos de 22 de julho também sob os ângulos de outras partes envolvidas, como os policiais que executaram o brasileiro. Fatos serão combinados com licenças poéticas.

Ontem, houve até rumores sobre uma possível influência da morte do brasileiro no novo filme de 007. De acordo com nota publicada pelo tablóide “Daily Mirror”, James Bond entrará em apuros durante sua nova aventura (“Cassino Royale”, que chega às telas européias em novembro) ao executar, por engano, um suspeito de terrorismo.
(Jornal OGLOBO 14/02/2006)

Jano já foi apresentador do Patrola, vocalista de banda, fez filme e teatro, deixa seus familiares, amigos e a cidade de Indaial orgulhosos e felizes com o papel.

SUCESSO, AMIGO.

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