terça-feira, 11 de abril de 2006

Artigo


VOLTA, COLLOR
Clóvis Rossi, Folha de S. Paulo

Se Fernando Collor de Mello tivesse feito a metade, só a metade, do que faz o lulo-petismo para tentar apagar suas digitais, muito provavelmente teria sobrevivido até o fim no Palácio do Planalto.

Ah, claro, teria também que pagar os R$ 146 bilhões/ano (dados de 2005) que o lulo-petismo paga à cobertura do andar de cima, na forma de juros, para comprar a omissão, a leniência e a cumplicidade dela.

A conspiração que Antonio Palocci fez para tentar desmoralizar o caseiro Francenildo Costa não tem similar. Envolveu uma das mais importantes instituições financeiras públicas, a Caixa Federal, no seu mais alto nível; envolveu o Gabinete de Segurança Institucional (o novo nome para o velho SNI da ditadura) no seu mais alto nível; envolveu o Ministério da Justiça e, por extensão, a Polícia Federal em nível bastante alto.

Repito: esse jogo só os Somozas da vida jogam. Só é possível em republiquetas nas quais se cria o caldo de cultura do abuso e da impunidade. Caldo de cultura afagado por Luiz Inácio Lula da Silva quando chama de "grande irmão" quem promoveu tão obscena conspiração.

É a conspiração premiada em vez da delação premiada. É o escrúpulo zero em vez do Fome Zero.

Mas não é tudo. O PT, de seu lado, brigou, com a prepotência de costume, não para inocentar-se na CPMI dos Correios, mas para que seus acusados fossem chamados de "bandidos". Sim, é isso. Queriam limitar os crimes cometidos a caixa dois, que, como disse o próprio ministro da Justiça do PT, é "coisa de bandido".

Quando um partido que enchia a boca para dizer-se dono exclusivo da ética não consegue lutar por algo mais do que ser chamado de "bandido", tem-se um estado avançado de putrefação.

Nesse ambiente podre, qual a surpresa no fato de a Câmara dos Deputados inocentar réu confesso de "bandidagem", ou seja, da prática de caixa dois, como aconteceu com o deputado João Paulo Cunha?

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