sábado, 17 de junho de 2006

Artigo


O país da baderna
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo


Indignado com a baderna do MLST? Justo, mais que justo. Só não tem direito de ficar surpreso, porque:
1 - Quando o partido do governo tem toda a sua cúpula chamada de "quadrilha", pela respeitável figura do procurador-geral da República, está instaurada a baderna no mais alto escalão da República. Que surpresa pode haver quando escalões inferiores reproduzem a baderna?
2 - Quando o presidente da República confraterniza com os membros da "organização criminosa", está dado o sinal de que a baderna e o crime estão autorizados de cima.
Que surpresa pode haver quando outro grupo, simpático ao presidente, adota a baderna?
3 - Quando o presidente da República passa a mão na cabeça de quem comete o crime de violar o sigilo bancário de um cidadão, como aconteceu com o então ministro Antonio Palocci, que surpresa pode haver em que outros sintam-se estimulados a cometer crimes igualmente graves?
4 - Quando o presidente da República diz que as sessões em que se investigaram os crimes da quadrilha da qual ele é presidente de honra foram uma "tortura" para os investigados, que surpresa pode haver em que gente que apóia a candidatura de Lula resolva tomar em suas mãos o ato de "torturar" deputados e senadores?
5 - Quando o Congresso Nacional inocenta a grande maioria dos membros da "quadrilha" e seus aliados, está praticando atos que só podem ser chamados de baderna (institucional). Que surpresa pode haver no fato de grupos baderneiros resolverem imitar a baderna no local em que ela foi originalmente praticada?
O fato inescapável é que o governo Lula transformou o Brasil, sempre uma esculhambação, no território livre da baderna.

@ - crossi@uol.com.br

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