quarta-feira, 21 de junho de 2006

Artigo

A COPA DE OUTUBRO
ALEXANDRE GARCIA


As ruas brasileiras, os carros, as casas, as lojas, a publicidade estão coloridas de verde-e-amarelo e a bandeira brasileira está em toda parte.

Pena que seja apenas por um time de futebol chamado Brasil, e não por um país que tem o mesmo nome.

Eu até entendo.

Os brasileiros têm razão para se alegrar com o Ronaldinho Gaúcho, a persistência do Cafu e do Roberto Carlos e com as cinco vezes em que fomos campões mundiais de futebol.

E poucas razões para se alegrarem com os políticos, os seus representantes nos governos e nos legislativos, os rumos das administrações públicas, o uso dos impostos que todos pagamos.

Aí, tristezas do lado político são apagadas por alegrias do lado esportivo.
Já que temos mensalões e sanguessugas, pelo menos temos Kaká e Ronaldo para compensar.

É mesmo uma pena.

Mas a Copa mostra que temos o poder de nos mobilizar pelas cores da bandeira.
Mobilizamos-nos pelo futebol; por que não pelo país?

Então, quando a Copa acabar, ganhemos ou não o hexa, cheguemos ou não às quartas ou às finais, mantenhamo-nos mobilizados, porque, afinal, temos pela frente um certame bem mais importante para nossos bolsos, para as nossas vidas, para o nosso estômago, para nosso futuro, para o nosso emprego, para as nossas empresas, para os nossos filhos e netos.

Chama-se eleições.

Essa decisiva Copa será em 1º de outubro, quando vamos escolher nossos representantes nas assembléias legislativas, na Câmara Federal e em parte do Senado; vamos escolher também os governadores e o presidente da república.

Vamos decidir o nosso futuro.

O país vai mal.

Os índices econômicos vão bem, mas os bandidos dominam o quanto querem, a escola está cada vez mais fraca, a corrupção já perdeu a vergonha e vamos afundando num mar de lama que afoga a ética.

É hora de reagir.

A Copa do futebol mostra que temos força para reagir na Copa eleitoral.
Se um juiz roubar-nos numa partida, não vamos ficar furiosos?

Se um atleta nosso fizer gol contra; se outro amolecer e permitir derrota, não vamos vaiar, gritar, reprovar?

Pois já estão roubando o dinheiro dos nossos impostos, jogando contra o nosso país, tirando-nos as oportunidades, entravando o progresso, nos deixando envergonhados diante de nossos filhos; então por que não ficarmos também possuídos da justa ira e lançarmos sobre eles a espada de nosso voto?

Por que não nos possuirmos do mesmo "patriotismo" que temos em relação à equipe canarinho e demonstrarmos o arrependimento pelos votos errados na última eleição?

Afinal, nenhum deles chegou lá sem milhares ou milhões de votos.
E mais, a equipe da Alemanha é minúscula, comparada com a nossa, do time do verdadeiro Brasil.

Somos 180 milhões.

Será que vamos deixar nos derrotar?

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