quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Artigo da Manhã


charge: Rico - Jornal Vale Paraibano (SP)
Governo corrupto
Antonio Fernandes (10/01/06 09:37)
http://www.e-agora.org.br
O problema do governo Lula não é semelhante ao dos demais governos no que tange a incidência de corrupção.Em todos os governos, em maior ou menor escala, houve (e há) corrupção. Mesmo que o titular (presidente, governador ou prefeito) não seja pessoalmente corrupto e até não admita a corrupção, ela acontece. É um problema endêmico do nosso sistema político, da forma como se organiza e atua o Estado e, em última instância, da própria sociedade.No caso do governo atual, entretanto, acrescente-se a essa corrupção endêmica um outro tipo de corrupção que foi chamada de sistêmica. Qual a diferença? É simples. No caso do governo atual a corrupção foi utilizada de forma centralizada como instrumento de manutenção no poder. Quer dizer, houve uma decisão política de utilizá-la.Mesmo que o chefe do governo não seja pessoalmente corrupto, ele participou, de um modo ou de outro, direta ou indiretamente, dessa decisão. Ou não tomou providências para modificá-la e, muito menos, para punir os responsáveis ("o nosso Delúbio" representa aqui a legião dos impunes).Ora, corrupção não ocorre somente quando o operador político desvia e embolsa os recursos. Aquilo que há dois anos chamei aqui de "corrupção altruista" também é crime. Do ponto de vista da esfera pública pode ser um atentado muito mais perigoso à democracia. E é freqüentemente.Portanto, o atual governo deve ser caracterizado como um governo corrupto e não como um governo no qual foram descobertos casos de corrupção.Se o responsável maior por tudo isso não quer mudar de comportamento, se não toma providências para reparar o dano e, ainda por cima, nega as evidências, mistifica a opinião pública com a farsa de que tudo não passou de caixa 2 ou de mentira da imprensa a serviço de uma oposição golpista, deverá arcar com a conseqüência. Sua breve experiência no poder passará à história como a do governo corrupto de Luiz Inácio Lula da Silva.E não há como evitar isso, mesmo que seja um pouco injusto. Nossos netos lerão nos livros de história - que não serão mais escritos por professores-militantes petistas ou acadêmicos intoxicados de marxismo - que de 2003 a 2006 o Brasil foi palco de uma experiência traumática de inépcia administrativa e de corrupção sistêmica, usada como método para que a cúpula de um partido que se dizia dos trabalhadores pudesse fraudar os mecanismos da democracia representativa, comprando votos e apoios parlamentares para tentar, inutilmente, se perpetuar no poder.

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