quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Artigo da manhã

VÃO COM DEUS!
Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN

O simbolismo da primeira-família"Entre 7 de setembro e 4 de novembro de 1940, a aviação alemã despejou várias toneladas de bombas sobre Londres, numa das mais violentas batalhas da segunda guerra mundial. Durante o que ficou conhecido como "a batalha da inglaterra", foram 57 noites de puro horror. A população da capital inglesa viveu, esses dias, inteiramente aterrorizada, dormindo em abrigos e voltando no dia seguinte, para encontrar, no lugar onde tinha sido sua casa, um monte de escombros. A destruição atingiu, até mesmo, uma ala do palácio de Buckingham, residência da família real. O rei George VI foi vivamente aconselhado a deixar londres, com sua mulher e suas duas filhas, uma das quais é a atual Rainha Elizabeth II. Se a família real se mudasse para o interior da inglaterra, suas chances de sobreviver, às bombas nazistas, seriam infinitamente maiores. Nessa hora, ao contrário do que era aconselhado, a rainha ergueu-se, como um monumento. Baixinha, gordinha, sem nenhuma importância, até ali, a mulher de George VI transformou-se numa leoa, na solidariedade ao seu povo. Não só declarou que ninguém, de sua família, deixaria a cidade de londres, como passou a visitar, diariamente, bairros bombardeados, para mostrar que a família real continuava ali, ao lado de seu povo, mesmo na mais tenebrosa adversidade. Com isso, a rainha conquistou, para sempre, a admiração e o amor dos ingleses. Veio a morrer em 2002, com 101 anos, cercada pela devoção do seu povo.Naqueles dias de 1940, a família real inglesa demonstrou uma absoluta lealdade à sua gente. A população de Londres não foi abandonada. Na mais dura prova, até então vivida por uma grande cidade, os londrinos tiveram ao seu lado o seu rei, sua rainha e seu governo. A primeira-família, seja na realeza ou na república, é sempre simbólica. Ela é uma transmissora de valores, de adesão às marcas nacionais. Seus atos apontam caminhos, soluções e possibilidades. O exemplo, que ela dá, revela seu compromisso com o país e seu futuro. Tudo isso me vem à lembrança, quando leio, nos jornais, que, no Brasil, a esposa do presidente da república solicitou e conseguiu, de um governo estrangeiro, cidadania para ela, seus filhos e seus netos. A mulher do presidente Lula, seus filhos e netos são, hoje, também cidadãos italianos. O que será que isto quer dizer? Como esta atitude será interpretada, pela maioria dos brasileiros, que não querem fugir do país e que tentam, todo santo dia, fazer, do Brasil, um país melhor?Como o Brasil espera inspirar confiança nos investidores estrangeiros, quando a família do presidente da república já conseguiu, para si mesma, uma rota de fuga do país?"

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