segunda-feira, 3 de abril de 2006

Artigo


MARÉ DE LAMA
Percival Puggina


A verdade pura e simples é que cansei. Não quero mais saber. Vou me interessar por hip-hop, pesquisar as regras do beisebol e acompanhar a política do Reino da Dinamarca, onde, há muito tempo não se tem conhecimento de algo podre. É baixaria demais! Quero lá saber quem é o pai do caseiro Francenildo ou o que o Palocci fazia na tal mansão? Que se danem! Não tenho mais espaço na memória para tanto escândalo. A lama entupiu o HD. Por outro lado, adianta alguma coisa? Tem alguém preso? Não tem nem terá. O quê? O brasileiro se tornará mais comprometido com a ética e mais exigente em relação aos seus homens públicos? Diga-me, nesse caso, por que o Lula anda cada dia mais faceiro com as pesquisas? Me poupa. Pera aí que eu vou trocar o meu CD do Eminem.

Onde estávamos, mesmo? Ah, sim. Pois bem, fiz uma lista dos amigos do Lula envolvidos nas patifarias. Fiquei impressionado. Não imagino alguém mais, exceto no Comando Vermelho, com tantos amigos patifes. Adicionalmente, apenas para efeitos históricos, elaborei outra, dos escândalos, a partir do caso Waldomiro Diniz (de quem ninguém mais fala), mas ela era tão extensa que, lá pelas tantas, acabou a tinta da impressora.

Dispondo-se de informações anuais sobre certos fenômenos meteorológicos, cheias, chuvas, temperaturas máximas ou mínimas, é possível estabelecer os chamados períodos de recorrência, que indicam a provável freqüência com que se verificam fenômenos de igual intensidade. Assim, tranqüilize-se. Com dados de Tomé de Souza para cá, bem calculadinho, o período de recorrência da maré de lama do governo Lula é de 800 anos. Dificilmente teremos algo semelhante neste milênio.

Na economia – tão festejada pelo governo – conseguimos crescer. Quanto? Um tiquinho mais do que o Haiti e do que a Antártida. Não é uma beleza? Brasil 1, Pingüins 0. E já temos forças do Exército Brasileiro operando no Brasil. Inclusive recuperaram aqueles moderníssimos fuzis, tão compridos que atrapalham um pouco quando o soldado dobra a esquina.

Entretanto, Lula lidera as pesquisas. E eu desisto do assunto. Houvesse apreço aos valores morais, houvesse dignidade nacional ainda com sensibilidade para se sentir ferida, os resultados e a reação social seriam bem outros. Fazer o quê?

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