sábado, 1 de julho de 2006

Artigo

A mentira tem perna curta
Ênio José Toniolo - via web


A esquerda costuma espalhar o mito de que seus expoentes são operários de salário mínimo, meeiros, bóias-frias, pobres criaturas suburbanas. A direita seria formada de latifundiários, grã-finos, freqüentadores das colunas sociais. Ora, nada mais contrário à realidade dos fatos. E menciono alguns, apenas para comprovar.

Iniciemos pelo patriarca da esquerda: Karl Marx casou-se com uma aristocrata alemã, Jenny von Westphalen, descendente, pelo lado materno, da alta aristocracia da Escócia e filha de um nobre. [1] Ela usava nos cartões de visita o título de Baronesa von Westphalen. [2] O próprio Marx pouco trabalhou, vivendo às custas das mesadas de seu companheiro de idéias, Friedrich Engels - filho de grande burguês, diz Garaudy. [3] Engels deu a Marx dinheiro suficiente para viver com folga o resto da vida e até mesmo para que um genro de Marx adquirisse um verdadeiro palacete de trinta aposentos. [4] Dentre os comunistas mais chegados a Marx, praticamente nenhum era proletário no sentido comunista da palavra. [5] Marx não dava muita atenção a seus parentes próximos, porém orgulhava-se dos ricos primos Philips da Holanda – conhecidos fabricantes de eletrodomésticos. [6]

O libertário Pedro Kroptkine pertencia a uma das mais velhas famílias da nobreza russa. Seu pai tinha terras onde ocupava cerca de mil e duzentos trabalhadores, em três províncias russas. Dispunha de cinqüenta criados na residência em Moscou, e vinte e cinco na casa de campo. [7] Também o guerrilheiro Pol Pot nunca trabalhou. [8]

Trotksy era filho de um rico proprietário de terras. [9]

Malenkov, como Lenine e outros bolchevistas, era filho de pais abastados. [10]

Mao Tse-Tung não foi diferente: era filho de um próspero agricultor [11], “que logo se tornaria o mais rico de seu vale.” [12]

Caio Prado Júnior era herdeiro de uma das mais abastadas famílias do país – dona de fazendas e indústrias - e fez uma parte de seus estudos secundários na Inglaterra. [13] Morava no “bairro dos ricos autênticos, com tradição e fidalguia”: Higienópolis. [14]

Jean-Paul Sartre costumava andar com um milhão de francos no bolso, na época cerca de 37 salários mínimos brasileiros. [15]

O pai de Fidel Castro era um latifundiário que possuía oitocentos hectares de terras e arrendava outros dez mil. [16] Nunca se soube que o ditador cubano tivesse algum emprego. Seu companheiro Che Guevara confessa: Nenhum dos guerrilheiros que se estabeleceram na Sierra Maestra teve um passado de operário ou camponês, ninguém passou fome, a não ser transitoriamente durante os anos de guerrilha. [17]

Salvador Allende era filho de advogado, neto de médico e descendente de importantes personagens da independência chilena; casou-se com a filha de uma respeitável família e morou sempre nos melhores bairros de Santiago. Nunca disfarçou a inclinação pelos bons vinhos, pratos refinados e coleções de obras de arte. Em seu bem fornido guarda-roupa enfileirava-se uma numerosa coleção de ternos de impecável corte, finos sapatos e duzentas gravatas, sobre as quais usava sempre uma pérola. Pouco exerceu a Medicina, já que foi senador por 25 anos, com mordomias garantidas. [18]

Olof Palme, o ex-primeiro ministro sueco, era “o mais esquerdista dos líderes ocidentais” – mas nascera na classe abastada. [19]

O falecido líder do PC italiano, Enrico Berlinguer, descendia de marqueses catalães, e seu nome figurava no “Livro de Ouro da Nobreza Européia”. Costumava passar as férias na Sardenha natal, onde velejava em seu barco. Ele e o irmão chegaram a possuir uma ilha particular, de 110 hectares. [20] Por outro lado, o senador mais rico da Itália, em 1988, Guido Rossi, pertencia ao Partido Comunista. [21]

Mateotti, o socialista morto pela polícia de Mussolini, era filho de ricos agricultores. [22]

François Mitterrand possuía uma residência em Paris, uma casa na praia, dois pequenos terrenos no campo, além do saldo bancário. [23]

Gabriel García Márquez, grande amigo de Fidel Castro, recebia em 1981, só de direitos autorais, 22 milhões de cruzeiros, cerca de 170 mil dólares por ano. [24] Em entrevista, admitiu que sua obra lhe proporcionava entre 350.000 e 400.000 dólares anuais. [25]

Jorge Amado revela num escrito autobiográfico: Era filho de fazendeiro, assim como vários amigos seus. [26]

A mãe de Olga Benário (amante e talvez esposa de Luís Carlos Prestes) morava na capital da Baviera, em casa elegante, cheia de objetos de arte. O primeiro amante de Olga, Otto Braun, era comunista chique, de gravata meticulosamente amarrada, cabelos ajeitados com brilhantina, calças bem vincadas, e cachimbo aristocrático. [27] Aliás, se alguém procurar a carteira profissional de Prestes vai ter uma surpresa. Parece que sua última ocupação fixa foi ali por 1922, quando era capitão do Exército. O Secretário-Geral do PC gostava só de música clássica. [28]

Ao falecer no Uruguai, João Goulart morava numa fazenda de 3.600 hectares, com 6.000 ovelhas e 3.000 cabeças de gado Hereford. [29] Tinha várias outras propriedades, tanto que um seu filho natural, Noé Silveira, recebeu de herança uma fazenda em São Borja, com 2.0232 hectares, uma casa, um terreno e boa soma em dinheiro. [30] No final do processo de investigação de paternidade, Noé recebeu metade dos bens da irmã, Denise, avaliados em cem milhões de dólares. [31] No matrimônio de Denise, aliás, houve “o maior banquete de casamento dos últimos anos”. [32] Outro filho, o João Vicente, possuía uma fazenda de 70.000 hectares no Maranhão. [33] A viúva de Jango, Maria Teresa, pôs à venda um sobrado em Punta Del Este, onde o ex-presidente passou parte do seu exílio; a duas quadras da praia, avaliaram-no em 400.000 dólares. [34]

Sérgio Buarque de Holanda foi um jovem bem-nascido que, formado em Direito, teve uma confortável carreira de burocrata à sua espera. [35]

Nosso paranaense Vieira Neto só bebia uísque escocês, fumava cachimbo com fumo inglês e tinha iate em Guaratuba. [36]

Miguel Arraes, membro de uma das mais tradicionais famílias do alto sertão cearense, nasceu rico e fazendeiro. Casou-se pela primeira vez com uma jovem pernambucana das mais aristocráticas famílias da Zona da Mata, e se tornou concunhado do riquíssimo e poderoso usineiro e senador Cid Sampaio. [37] Ao voltar do exílio, Miguel Arraes instalou-se num palacete, no aristocrático bairro recifense da Casa Forte, cujo aluguel era de Cr$ 30 mil mensais – cerca de 14 salários mínimos. [38] São pitorescas suas negaças à revista Veja (12-07-1979) para não contar exatamente com que meios vivia durante o exílio na Argélia. Disse que foi assessor de algumas empresas, mas não houve jeito de descobrir em quais... Depois de ter vendido o controle que tinha sobre uma livraria de Paris, os interesses da família Arraes na França limitavam-se à empresa Sudhemis, que importava e exportava para a Argélia, Angola e Moçambique. [39]

Fernando Henrique Cardoso foi “o mais distinto scholar marxista a liderar uma nação desde a morte de Lênin. Como um jovem professor, pertencia a um grupo que dissecou cuidadosamente os três volumes de O capital e muitos outros clássicos marxistas.” [40] Declarava-se um intelectual “crítico do imperialismo” e “teórico da dependência” [41] “um intelectual de passado esquerdista”, “egresso do marxismo” [42], que sofreu grande influência de Marx, Sartre, Lukács e Florestan Fernandes. [43] É bisneto de um governador de Goiás e neto de marechal, filho de um general, advogado e deputado. [44] Passou oito anos de seu governo “encenando que brigava com o MST, ao mesmo tempo que alimentava o movimento com gordas verbas e todo tipo de proteção.” [45] Só exigiu que a força do Estado - e até do Exército - se movesse em defesa do direito de propriedade quando o MST ocupou a sua fazenda, em Buritis.

Marta Suplicy, mesmo antes de ingressar na vida pública, não fazia compras em supermercados “nem morta”; ela treinava copeiras e cozinheiras a ponto de se dar ao luxo de nem sequer entrar na cozinha. [46] No final de 2002, estava se preparando para mudar-se com o “namorado” argentino para a casa ocupada pelo ex-marido, Eduardo Suplicy, avaliada em 2,5 milhões de reais - uns 694.400 dólares. [47] Outros detalhes de sua vida nada proletária são bem conhecidos do público.

O então senador José Paulo Bisol (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Lula em 1989 era proprietário da fazenda São Vicente da Direita, com 1.097 hectares, em Buritis, e outra em Unaí, ambas em Minas Gerais. [48]

Leonel Brizola possuía em 1986 um patrimônio avaliado em dois milhões de dólares, representado principalmente por duas fazendas no Uruguai (El Repecho e La Tala de Yi), com 3.181 hectares, onde criava sete mil ovelhas. [49] Com razão um adversário perguntou: “Como pode um dos maiores latifundiários do Sul do País falar em acesso à terra por meio da posse?” [50] Seu candidato a vice-presidente, em 1989, detinha um patrimônio que, só em poupanças, chegava a 37,6 milhões de cruzeiros novos, cerca de 13,6 milhões de dólares. [51] Mais tarde, em 2001, a revista Veja publicou reportagem, sustentando que sua propriedade uruguaia valia 4,5 milhões de dólares; o rebanho estimado era de 16 mil cabeças ¾ 6 mil bois e 10 mil ovelhas. Além disso, recebia três aposentadorias: 5.600 reais como ex-governador do RGS, 6.175 reais como ex-governador do Rio e 980 reais por ter sido duas vezes deputado federal, num total mensal de 12.755 reais, [52] na época cerca de 4.850 dólares.

Experimente alguém reunir quinhentos anticomunistas para um evento, numa capital brasileira; os obstáculos financeiros serão quase intransponíveis. No entanto, um dos últimos eventos do Forum Social Mundial reuniu em Porto Alegre 100.000 pessoas, de 121 países e 5.500 ONGs. [53] De algum misterioso lugar vieram passagens, hotéis e refeições para essa multidão enorme...

Basta de exemplos da “pobreza” da esquerda, meu leitor. E agora, com licença, que como bom “milionário” da direita, vou dar minhas suadas aulas...

© 2003 - Percival Puggina - Todos os direitos reservados

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Joel,
Sou o oitavo filho de Arraes,de um total de dez.Nossa família sempre viveu de dinheiro honesto.Acho que essa informação é suficiente.Meu pai nunca se envolveuem falcatruas e não deixou nenhuma herança material para seus herdeiros.Deixou,sim,um legado sem preço de dignidade e coerência.Todos nós temos uma profissão e delas tiramos nosso sustento.
"Pitorescas explicações"!.Meu e-mail é lularraes@hotmail.com
Eu lhe respondo se você quiser detalhes sobre o que considero um desrepeito a alguém que não tem mais como se defender.
Atenciosamente
Luiz

Anônimo disse...

Estou no aguardo de sua resposta.Sua fonte deve ser o jornalista o jornalista Luis Mir,sem credibilidade na categoria.Uma pessoa frustrada porque teve pouca atuação política e porque é um jornalista mediano,que ninguém lê.Escolheu a calúnia como forma de se promover,mas não deu certo.Nunca dá.Remeto ele à leitura de meu santo de voção São Francisco de Assis.Talvez ele tenha ouvido falar.Talvez até já tenha escrito sobre ele,descrevendo-o como um perigoso bandido de estradas naItália."O pobre de Cristo".

Anônimo disse...

Ênio Toniolo,que forneceu através de um artigo de um obscuro jornal é membro da Fundação Tarso Dutra,do PP.Tarso Dutra foi Ministro da Educação de Costa e Silva.Se precisarem de mais detalhes do que isso!